Cabarés de Mocajuba
Labirintos da
vida
Todos nós temos o direito e o livre
arbítrio de fazer nossas próprias escolhas na vida, cada pessoa segue a sua trajetória
e faz o seu próprio destino, claro que isso irá impactar no futuro, pois ele
depende de nossas atitudes e escolhas que fazemos ao longo dessa jornada,
independentemente de onde estejamos e dos problemas que iremos enfrentar. Quer
seja na capital ou no interior, cidade grande e pequena, todas enfrentam
dificuldades de diversas formas, o que me chama atenção são os problemas
sociais, que muitos parecem ficar oculto e as vezes imperceptíveis, portando se
abrirmos nossos olhares para a sociedade em que vivemos iremos nos deparar com
situações incomuns de ver e entender o porquê de isso acontecer e que leva na
maioria das vezes a termos uma visão preconceituosa.
Quando jovens temos sonhos de ser alguém
importante perante a sociedade, ter uma profissão e uma carreira brilhante,
porem nem tudo acontece como gostaríamos. Diante de um pais onde a desigualdade
social é grande e a falta de oportunidade, as vezes leva pessoas a buscar um
caminho onde parece mais fácil e ao mesmo tempo difícil. O fato onde quero
chegar parece constrangedor de falar e as vezes dolorido, sobretudo por ser
muito mal visto perante a sociedade, falo de pessoas, seres humanos que usam o
próprio corpo como maneira de obter renda, ora para garantir o sustento da
família, ora para suprir sua necessidade de luxuria e também garantir o seu
vício. Apesar da minha pouca experiência sobre esse assunto acredito que a
pessoa não entra no caminho da prostituição, sem ter uma razão que leve-o a
fazer isso.
Quando menino andava por essas ruas,
feiras fazendo vendas para ganhar algum troco para ajudar minha família, e era
comum deparar-me com cenas marcantes, nos cantos, vielas, bares e casinos, parecia
algo normal pois ninguém se importava com aquilo. Aquelas cenas não me saiam da
memória e não entendia qual a razão de aquilo acontecer. Hoje já tenho minha
própria família e entendo o que levou aquelas pessoas a fazerem aquilo, tenho
uma mente aberta e não tenho uma visão preconceituosa em relação a essas
pessoas, porem sinto muita tristeza em ver a situação de algumas pessoas que
vivem nesse mundo. Pessoas que vivem em situação deplorável, trocando seu corpo
por alguns centavos, por uma cerveja e para garantir a pedra, não é difícil ver
cenas iguais a essas aqui na pequena cidade de Mocajuba, fato esse que passa
despercebido por grande parte da população e até das autoridades. Contudo a
pessoas que fazem disso uma profissão mesmo, somente para garantir uma roupa da
hora um sapato de marca e ostentar nas festas da cidade, respeito a decisão dessas
pessoas, pois cada um escolhe seu destino e vive da maneira que achar melhor,
desde que não prejudique outros. Para entendermos melhor esse tema, fizemos uma
entrevista com uma mulher experiente e que faz parte desse mundo.
Relatos de uma mulher
Ainda lembro como se fosse hoje quando
meus pais me chamaram para conversar, era um final de tarde lindo, estávamos na
ponte as margens do rio, o sol estava radiante com uma aparência avermelhada.
Meus pais diziam que não queriam aquela vida para mim, que merecia uma vida
melhor, pois tudo era uma questão de oportunidade e talvez fosse melhor eu ir
morar na cidade com minha tia, pois na cidade teria mais oportunidade na vida
de seguir nos estudos e dar uma vida melhor para todos. Então fui morar com
minha tia na cidade, logo fiquei impressionada com a movimentação do dia a dia
das pessoas, uma vida totalmente diferente do interior a qual teria quer me
adaptar. Estava muito feliz com essa mudança, tudo parecia novo para mim. No
começo era só felicidade meu está feliz com minha vinda para cidade, sentiu-se
realizado ao ver o sorriso no meu rosto, porem ele não fazia ideia do que o
futuro me reservava, talvez ele tivesse cometido um erro com a decisão que
tomou, mas ele só queria algo melhor para mim, todo entusiasmo, iria se transformar
em sofrimento e angustia.
Tempos depois, eu já estava um pouco
crescida, com corpo de mulher que acabou despertando o desejo no marido de
minha tia, ele viu na minha inocência a oportunidade de se aproveitar da
situação, certo dia, já cansada daquela situação resolvi sair de casa e fui
trabalhar em casa de família, onde vim a me envolver com o filho da patrão e
acabou que ficamos juntos, porém não durou muito pois ele resolveu me trair com
garota de programa, daí em diante fiquei sem direção, a minha tomou um rumo que
nunca nem imaginava estar comecei a frequentar os bares da cidade e quando me
dei conta já estava trocando o meu corpo por dinheiro, então fiz disso uma
profissão, pois parecia fácil ganhar dinheiro, em um dia de trabalho normal com
um cliente de boa aparência e bem-educado, acabei me envolvendo com essa
pessoa, pois parecia interessado em mim, ganhou minha confiança a ponto de não
cobrar pelo serviço, no entanto a felicidade durou pouco, em alguns meses de
envolvimento ele acabou sumindo e me deixou um filho na barriga. Hoje se eu
pudesse mudaria o meu passado, não entraria no mundo da prostituição e não
seria mal vista pelas pessoas, iria em busca de um trabalho digno, ter uma vida
melhor para mim e minha família. De qualquer forma me sinto feliz pois vejo
meus filhos criados, vivendo de maneira honesta, fazendo o que gostam.
Conclusão
Analisando os fatos relatados podemos
concluir que a prostituição esta introduzido na sociedade a muitos anos e
muitas vezes as pessoas escolhem esse estilo de vida por opção mesmo, por ser
uma maneira fácil de ganhar dinheiro e manter um padrão de vida desejado contudo em alguns casos a prostituição não é
uma opção e sim o acaso do destino levou-o a entra nessa vida, as vezes a
pessoa passa por necessidade, leva uma vida sofrida e miserável também com uma
péssima relação familiar, outro caso que acontece com frequência e quando a
pessoa entra no mundo das drogas e para manter esse vício acaba vendendo o
próprio corpo, portanto antes de ter um pensamento racista em relação a isso,
olhemos primeiro o que levou a pessoa a tomar essa decisão em sua vida, talvez
por falta de oportunidade em fim, o fato é todos tem direito a um lugar no
mundo e não somos nós que devemos julgar.
Autores: MAGNO CORREA ALVES E WILSON COELHO
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